quarta-feira, 25 de maio de 2011

Confiar no Senhor, uma atitude racional

Confiança é o nome dado a um pequeno conjunto de sensações e percepções em relação a algo ou a alguém. Lemos em Provérbios 3.5,6 sobre a confiança que devemos ter no Senhor: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.”


Confiar, neste texto, é um imperativo afirmativo. Confie, tenha confiança, tenha fé, acredite, ponha a esperança nele. Neste texto, confiar é um mandamento, não é uma opção para o leitor cristão.

Mas para que o homem possa confiar em algo ou em alguém é preciso, antes, assentar bases sólidas para a confiança. Da perspectiva bíblica, judaico-cristã, não é confiar racionalmente, no meu entendimento, mas confiar também emocionalmente no Senhor. O centro e o alicerce da fé cristã é o Senhor, portanto, as vias não são as da razão somente, mas também as do coração. Assim, é confiar integralmente.

Paulo, em Romanos 12.1,2 fala do culto racional, com inteligência, como meio de provar, conhecer e participar da vontade de Deus. Amolde-se ao padrão de Deus, à sua forma ou maneira de pensar e de entender as coisas. No entanto, o nosso conhecimento é parco diante de infinitude divina. Como é, então, o nosso entendimento? Nós não temos entendimento à altura das coisas de Deus; não as compreendemos correta ou plenamente por causa do pecado. Então a confiança nele trata de um incentivo à fé cega, uma vez que eu não entendo plenamente como Ele age e se comunica conosco? Também não.

A fé apóia-se em evidências e em testemunhos (ou resultados). A Bíblia é um livro de testemunhos daquilo que foi feito por Deus na vida dos homens. O texto de Provérbios diz: “Ele endireita as suas veredas” (v. 6b), ou seja, poderemos, se confiarmos, perceber os resultados de depositar nele a nossa confiança. Outra ocasião que evidencia isto é quando Jesus chamou os apóstolos pescadores às margens do Mar da Galileia; eles abandonaram tudo imediatamente. Jesus já era pregador conhecido e operador de milagres famoso na região. Eles abandonaram imediatamente suas redes por alguém de quem já tinham testemunho e conhecimento. Portanto, a fé deles foi depositada sobre um fundamento firme que reunia evidência e testemunho.

Agostinho, em suas Confissões, mapeou a fé dizendo que ela se dá num momento entre a compreensão e a explicação, ou seja, para que ela ocorra, preciso satisfazer minha compreensão sobre o objeto da fé e, depois de manifesta, preciso saber explicar porque ela ocorreu. A fé em si não tem explicação, mas nem por isso ela deve ser enquadrada na categoria das coisas irracionais. A fé reivindica entendimento e exala razões, por isso mesmo Pedro diz que devemos dar a “razão da nossa esperança” (1Pe 3.15).

Visto dessa forma, confiar no Senhor e reconhecê-lo em todos os nossos caminhos, como lemos em Provérbios, é a atitude mais segura, racional e desejável que podemos ter, principalmente atravessando tempos como os nossos, de extrema pluralidade e relativização.

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