quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pontos de contato para a comunicação num mundo pós-moderno


1. Existe farta abertura para a espiritualidade. O homem é um ser espiritual: “Mas é o espírito dentro do homem que lhe dá entendimento; o sopro do Todo-poderoso”. (Jó 32.8. RC: “Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-poderoso os faz entendidos”). “Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade” (Ec 3.11).


Na modernidade a exaltação era a razão e ao conhecimento científico: o que pode ser provado? “Antigamente, o que estava sendo dito não era questionado. Ele questionou o saber constituído e criou a cultura moderna, a cultura em que a verdade não é questão de autoridade, mas de comprovação. Nasce com esta atitude de Galileu o homem moderno, que pode ser mostrado assim: não é o que a Igreja diz, o que Aristóteles (cuja autoridade era indiscutível) diz, mas o que se pode provar”. (Isaltino Gomes). Com isso, houve um esfriamento em relação aos postulados da religião e da fé, uma descrença na Palavra de Deus associada às “promessas não cumpridas” feitas por setores da cristandade.

Na pós-modernidade, há novamente uma explosão de espiritualidade. O homem estava sufocado com o pensamento científico que produziu duas Grandes Guerras e não melhorava a vida das pessoas com a modernidade e o avanço tecnológico. Agora até as grandes corporações investem em espiritualidade, livros sobre espiritualidade, sobre “Jesus isso“, “Jesus aquilo” estão nas listas dos mais vendidos. Mas também houve um resgate da superstição: gnomos, duendes, pedras, cristais e outros.

2. Os absolutos. O homem pós-moderno diz não haver absoluto. O que é verdade/absoluto para alguém pode não ser para outro. Isso é discurso desconstrutivista. Não corresponde a verdade, pois:

a) todos lutam por um mundo melhor (se não há absolutos, o que é um mundo melhor?)

b) experimente agredir alguém (o que é agressão para um, pode não ser para outro)

c) Dostoievski: “Se Deus está morto, então tudo é permitido”. Vamos roubar e matar.

A Bíblia é supra-cultural embora sua escrita revele traços profundos de determinadas culturas. Sua aplicação cabe em qualquer grupo, pois a verdade não é a minha verdade, mas a Verdade de Deus; não é a verdade da instituição que importa, mas os princípios eternos do Criador.

Arnold Toymbee: “Alguns dos nossos especialistas-sacerdotes são chamados de psiquiatras, alguns de psicólogos, alguns de sociólogos, alguns de estatísticos. Chamam pecado de “desvio social”, que é um conceito estatístico, e chamam o mal de “psicopatologia”, que é um conceito médico”.

A igreja deve dar ênfase a dois conceitos fortemente atacados: a moralidade e a verdade. Lutero: “A prova definitiva do pecador é que ele não conhece seu próprio pecado. Nossa tarefa é fazer com que ele o veja”. Proclamar a o evangelho da salvação em Jesus Cristo pode trazer convicção do pecado

3. Individualismo. Em Juízes 21.25: “Cada um fazia o que achava mais reto”. Isso decorre da falta de uma estrutura moral, onde a sociedade se desintegra em facções que guerreiam entre si e contra indivíduos isolados e depravados. É um retorno ao barbarismo, a perversão, a anarquia como nos tempos mais antigos.

Paulo, quando escreve aos Coríntios, já enfrentava esse problema. “Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo” revela o embrião do comportamento pós-moderno há 2 mil anos. Ele diz que o ser, a persona é desintegrada naquele que É, no Deus que tudo pode. Nós não somos, mas Ele é tudo em todos (aldeia global).

Os pós-modernistas dizem que o sentido da linguagem só pode ser determinado dentro da “comunidade interpretativa”. Para os cristãos, a igreja é a sua comunidade interpretativa. E também a síntese de unidade e pluralismo no Corpo quase soa como pós-moderna.

Pessoas pós-modernas são voltadas para o grupo. Reside aí um forte apelo aos pequenos grupos, grupos de comunhão, grupos de estudo etc.

Por outro lado, o Senhor respeita a individualidade de cada um (vide a analogia da Igreja como um Corpo formado por diversos membros individualmente).

4. Testemunho vivo. Leith Anderson afirma que “as pessoas de hoje tendem a não pensar de forma sistemática nem dar atenção a uma argumentação racional. Assim as idéias podem ser mais bem abordadas de questão em questão e pela influência de relacionamentos. Pessoas que sirvam como modelo, mentores e amigos moldam o pensamento das pessoas, para melhor ou para pior, mais do que uma lógica objetiva”.

Jesus se comunicava por meio de parábolas, não por meio de tratados abstratos.

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